domingo, 29 de maio de 2011

Arte de Pensar


Ponho-me em silêncio exacerbado
Vejo que estou calado, parado
Suspiro fundo e pressinto
Que estou pensando sobre o pranto.

Pensar não me faz filósofo
E sim a arte de pensar, por si só
Pensar sobre a vida e o antes
Pensar sobre a morte e o depois.

A lua encanta-me profundamente
Canta-me cada canção de amor feita
E em cada sentimento que me faz
Penso: porque não me traz?

Sobre pressão do mundo nas costas
Vejo que cada respirar é como gritar
Em silêncio, porque ninguém te ouve
Ninguém deve me ouvir, pois não digo nada.

Não digo, faço mais que isso, escrevo
Não pode ser disfigurada minha intenção
Nem minha paixão, porque é sim e assim será
Nada pode mudar, só eu, só o meu pensar.

E pra encerrar o assunto de pensar
Quero que vocês saibam o que é,
Apenas ponderar o que se pode ponderar
Nada mais do que balançar sobre equilíbrio.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Caçador de Mim


Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

(Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Yasmin


Eu subi o mais alto que pude
Para ver o sol
Ele não estava lá
Encontrei algo melhor

Quando a noite caía você surgia
Era tudo o que eu queria
Palavras são ditas no silêncio de um olhar
E um olhar são palavras que não podem ser ditas

Eu roubaria a lua por você
Eu roubaria o sol do céu pra você

Yasmin seus olhos me dizem o que não estão em suas palavras
E a vida é curta pra se viver
O amor é a chama que acende até debaixo d'água
Yasmin é a luz do meu viver

Seu sorriso é a luz que surge
Quando tudo é escuridão
Como as estrelas que brilham
Quando você está no chão

Sente-se ao meu lado para ver a lua
Ela não veio até aqui à toa

Uma noite pra conhecer-te
Uma eternidade pra esquecer-te

Yasmin
Nos meus olhos
Yasmin
No meu coração
Yasmin...

Garotos Não Choram


Eu digo que garotos não choram
Porque sou garoto e nenhuma lágrima cái
Já sou quase homem e preciso suportar
Me portar, como quem um dia crescerá.

E a dor que vem e vai, não me matará
Talvez, amanhã, eu morra, ou não, quem sabe
Ninguém sabe aliás, me faz chorar
Por um minuto, logo eu que não choro.

Amor meu, estou debaixo de seus olhos
Para segurar todas as suas lágrimas
Já que garotos, como eu, não choram
Peço apenas que não veja meu pranto.

Percebo então que a piada sou eu
Vivendo sorrindo sem motivo nenhum
E quando tenho algum, acordo pro hoje,
Perco de vez o ontem que me fazia sorrir.

E quando digo que garotos não choram
Eu digo com certeza de quem não chora,
De quem não se deixa levar por sofrimento,
De quem realmente mente pra si mesmo.

Silêncio das Estrelas


Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, de mais...
Afinal, feito estrelas que brilham em paz, em paz...

Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais...

(Lenine/Dudu Falcão)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poesias de Paulo Leminski


RAZÃO DE SER

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?


ATRASO PONTUAL

Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?



Eu

eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha.



Bem no Fundo


No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe


Neste dia tão sublime,
Que os bons filhos nunca se esquecem,
Um pequeno gesto nobre,
Para aquela que merece.

Mudanças, fortes
explosões de estrelas em seu ventre,
Somente você tem mágicas para fazer,
Assim à vida a nós trazer,
Mãe, somente você é fantástica!

Mãe, sinônimo da criação,
A flor do vale, rosa de Sharon,
Mãe, ser seu filho é um privilégio,
Que carrego dentro do peito.

Por quanto os anos passam,
E do seu amor aproveito,
Vou cantando todo dia,
O nosso “amor perfeito”

Mãe, matriz geradora da vida,
Mãe, a fonte sublime do amor,
Mãe, de todos os homens,
Mãe, do Nosso Senhor.

Mãe te amo de coração,
Sou seu rebento mais velho,
O galho, que saiu primeiro,
Por isso te faço primaveras,
com meu amor verdadeiro.

(Gilberto Fernandes Teixeira)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Roda Viva


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

(Chico Buarque)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Desvarios


Voltando pelo caminho de estrelas...

Ruas desertas,
Verdes musgos sobre a calçada.
Cresce, cresce...
No peito um sentimento!
Vejo em volta.
Tudo que prende e não solta,
Como seu beijo tão desejado
E não provado.

Você é...
Tão perfeita, um escândalo aos meus olhos
O tempo não para
A vida não anda
Os velhos adjetivos retornam
E eu só peço que seja como nunca foi...
Nada se compara.

A tarde azul por qual me derramo,
Olhos verdes pelos quais aclamo
Um desejo tão quente e ardente!

No fim da noite, em prantos
Me lembro dos teus encantos
Em carícias pretendidas por mim!

E por fim o relógio diz que falta pouco...

Quando não tive nada
Teu nome ecoou e tudo pude fazer
Para impedir, não quis
Quis que fosse assim
E dane-se tudo se não quiser 'sim'
Não posso mudar, mas posso lutar.

Amar são desvarios da razão.

domingo, 1 de maio de 2011

Dúvidas


Amo porque preciso ou porque sinto?
Amor é sentimento ou razão?
Amor é invenção do ser humano
Ou realidade?
O amor a gente inventa ou ele inventa a gente?
Amor está sobre tudo ou tudo está sobre ele?
Quem diz que ama, diz porque ama
Ou ama porque diz?
Perguntas são feitas para serem respondidas
Ou para levar-nos para algum lugar?

Deus existe ou é invenção do ser humano
Para ganhar confiança e esperança?
A morte é a vida que vivemos
Ou a vida que vamos viver?
Há vida após a morte ou sumimos pra sempre?
Pensamos que pensamos ou somos controlados para pensar?
Somos donos dos nossos narizes ou há alguma força maior
Que controla tudo que sentimos e fazemos?
Coincidências existem ou tudo faz parte um plano maior?
Controlamos o mundo?

Isso que faço é por querer ou sou mandado indiretamente?

E a dor? Ela existe ou inventamos também?
Somos donos de escolhas? Ou pensamos que somos?
Somos o que pensamos ser?
Ser é o que faz existir ou antes disso o pensamento?
O pensamento é o que faz existir? Então penso logo existo.
Existo porque penso ou porque penso que existo?

Dúvidas existem para crescer ou diminuir-nos?