sexta-feira, 27 de julho de 2012

Íngreme


Quando aquela antiga voz
te chamar
ateie fogo ao primeiro bar
e as súplicas de dor faltarem
lembre-se do dia,
da alegria,
suicide-se e repouse...

O sol deitou-se, sobre mim
um raio sombreado,
apaixonado pelo fogo
àrduo, escapo
e logo me vejo,
sem medo,
deitado ao léu e preso ao céu...

Você, confusa e inconstante
como esse poema,
como um dilema,
um espaço fundo pro acaso,
ai que perdição,
mas minha escolha
e dessa vez, sim,
dessa vez,
vocês não contarão comigo, amigos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Faltando Um Pedaço


O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha.

O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho.

O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços.

(Djavan)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Olhos de Estrela


Ao caminhar estrelas,
de um dia qualquer...
Faço meus passos aos olhos da lua,
que toda nua me incendeia e
espelha esses versos.

Ai de mim,
tão afim das curvas, dos olhos,
Ai de mim...
Quanto tempo ficarei assim?

Ah, que eterno,
Nesse dia qualquer,
Que já não é.
Ai de mim...

Tempo


Eis aqui neste tempo de dúvidas, que sempre foi de dúvidas, e que sempre duvida do próprio tempo. Tempo este que é dono de quem lhe convém, por obra de si, num doce capricho marcado de infinito, abranda ou abrasa o sofrimento da passagem de areia amarga do destino remoto.
Brincando de Deus, alarga ou estreita o caminho da ampulheta, ilude um e outro margeando a ignorância do próprio ser, que assim, jamais será...Eis que há de ser, mesmo, Deus, e nada mais...

(Marcos Tourinho Filho e Juliano Tedesco)

sábado, 14 de julho de 2012

Isso então...


é o mesmo que antes
ou que da outra vez
ou da vez anterior à essa.
eis um pau
e eis uma boceta
e eis um problema.

a cada vez
você pensa
bem eu aprendi desta vez:
vou dizer a ela que faça isso
e eu farei isto,
já não quero a coisa toda,
só um pouco de conforto
e um pouco de sexo
e apenas um mínimo de
amor.

agora novamente espero
e os anos vão escasseando.
tenho meu rádio
e as paredes da cozinha
são amarelas.
sigo esvaziando as garrafas
à espera
dos passos.

espero que a morte reserve
menos do que isto.

(Charles Bukowski)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pássaro


Há um pássaro em meu coração, tão pouco respira dentro da solidão....afogo-o em fumaça de cigarro e copos de whiskey seguidos, ouve-se vozes na escuridão...alguns trocados são trocados por um pouco de paixão, existem fantasmas em meu porão...caio da ribanceira e quebro o pescoço, há paz dentro do caixão.

Ditado


E como diz o ditado, que acabo de inventar:
"Homem feliz não sabe amar, ama na cama e o resto profana".

A arte do drama


Todos cheios de drama
um drama ridículo
que me enjoa
me vomita;
se julgam sábios do amor
senhores da dor,
quão inúteis são vocês
seres nefastos
demônios
da minha existência...

um dia passarás
pela minha janela
e comtemplará
ela meio aberta
ou aberta
por inteiro, em janeiro
com uma moça
do meu lado
segurando a minha mão
ou com uma arma
para o meu coração
que sobreviverá
para ver você
com outro alguém
que te trate com desdém
o que eu já tratei
como único e meu,
algo que sempre estará
além
dos olhos seus.

Voltarás


Não sei se voltarás
num bar, num cinema
numa trilha pequena
no dia-a-dia
na porta da alegria
num sexo casual
sexo animal;
num beijo, num desejo
em um lampejo
na igreja, na fazenda
na sua casa
na sua cara
não sei se já partistes
mas sei que não és pessoa
pessoas não voltam
elas dizem que vivem
mas apenas dispedem
deixam  o corpo nu
para que outros vejam
e percam a imaginação.