sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Saudades


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

(Pablo Neruda)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Assim Espero


Há de ser sincero
Quando passa barreira do tempo
Quando passa barreira da dor
Assim espero, quando assim for.

Há de ser eterno
Quando a luz chega ao céu
Quando o amargo já é mel
Assim espero, quando assim for.

Há de ser grande
Quanto maior é a esperança
Quanto mais segue a trança
Assim espero, quando assim for.

Há de ser amor
Quando não der mais ré
Quando perfume cheira a flor
Quando assim espero, assim já é.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Viver Sem Ar

Como queria poder viver sem ar
Como queria poder viver sem água
Eu adoraria querer-te um pouco menos
Como queria poder viver sem você.

Mas não posso, sinto que morro
Estou me afogando sem teu amor.

Como queria poder viver sem ar
Como queria poder acalmar minha aflição
Como queria poder viver sem água
Eu gostaria de roubar teu coração

Como poderia um peixe nadar sem água?
Como poderia uma ave voar sem asas?
Como poderia a flor crescer sem terra?
Como queria poder viver sem você.

Mas não posso, sinto que morro
Estou me afogando sem teu amor.

Como queria poder viver sem ar
Como queria poder acalmar minha aflição
Como queria poder viver sem água
Eu gostaria de roubar teu coração

Como queria poder te lançar ao esquecimento
Como queria poder te guardar numa gaveta
Como queria poder te apagar com só um sopro
Eu gostaria de matar essa canção.
(Maná)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pra Dizer Adeus


Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo
Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Porque você não vem prá mim?
Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis...
Não dá prá imaginar quando

É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

É cedo ou tarde demais...

(Titãs)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Chuva


Chuva chove em mim
E traz o que não vejo mais
Que tuas nuvens carregadas
Tragam o que não traz os mortais.

Mas não se esqueça,
Limpa a terra e o sangue quente
Limpa a cegueira da minha mente
Porque desse jeito, já não penso mais.

Todos bebem da sua fonte
Que os céus são, em lágrimas
Cai aos montes e tão molham
A todos nós, que nos fazem imortais.

Lanço meu barco, marco a água
De onda em onda dessa maré
Vou aos poucos encontrando a fé
E, enfim, misturo tudo, não entendo mais.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vaga-lumes


Prendo o traço, laço você comigo
Minha voz é alta, mas maltrata
Bagunça já é feita dentro de mim
Mas sempre, sempre foi assim!

Olhe, por quê? Parece uma desfeita
Não liga, me deseja, mas briga
Não satisfaz, mal faz, machuca
Se assim quer, por que não se disfaz?

E no encontro vaga-lumes
Que tanto vago o tempo é, precisa
Mas o instante que vale, sabe, trace
Já são passados e mal passados são.

Traça do piscar, por que não me diz?
São tantos momentos adormecidos
Que já pouco sou feliz, e eu fiz
Todos assim, porque assim, eu vim.

Mas vago é vago o lume, a luz
Penetra, mas discreta, seduz
Assim me cego eterno na cruz
E rimo por rimar, assim conduz.

Sonho De Uma Flauta


Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz

Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa

Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá

A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração

A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mas as vezes né doce não

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Hum... E o mundo é perfeito
Hum... E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito

Eu não pareço meu pai
Nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Sei que incerteza traz inspiração

Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso

Tem riso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia

Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem aquele que parece feio
Mas o coração nos diz que é o mais bonito

Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Mas sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito...

(Teatro Mágico)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Arthur Schopenhauer


"O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita pela qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não tem!"

 "Não nos deixar cair em tentação, é o mesmo que dizer: Não nos deixar ver quem realmente somos".

"Talento é quando um atirador atinge o alvo que os outros não conseguem. Gênio é quando um atirador atinge o alvo que os outros não vêem."

 "O amor é o objetivo último de quase toda preocupação humana; é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais."

 "O que torna as pessoas sociáveis é a sua incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si mesmos."

" Em geral, chamamos de destino as asneiras que cometemos."

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Retalhos de Amor


Estive tão triste como Jesus na Cruz,
Me fiz de rosa dos ventos perdida,
Entregue aos ventos, por onde fossem,
Súbita de todo destino,  flor sem cor.

Fui como Napoleão e seu orgulho,
De pequeno, fiz grande, grande leão
E assim com a juba dourada, que
Confundia-se com o milharal,
Meu amor cresceu feito animal.

Mas por esperto, certo foi que
Em meus dias despenteados,
Largou-me em meio a lagoa
E depois de toda mágoa, foi feito.

Tu me deixaste como uma ovelha
Órfã de amor materno, que foi
Além de tudo, eterno, não voltaste,
Pra sempre ficarei aos campos, orvalhos,
Crente que um dia serei menos, retalhos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ponto

Ontem à noite, prometi para a lua
E tudo agora então, lembrará você...

Cada vez que eu chorar,
Cada vez que eu gritar,
Cada amor que eu tiver,
Cada respirar que eu der,
Cada sentimento quebrado,
Cada choro afogado
E tudo afinal.

E também cada cigarro
Que eu recusar,
Cada gole de bebida
Que eu compartilhar,
Cada vez que eu
Quiser me matar...

E não se esquecer,
Cada vez que eu sofrer,
Cada vez que doer,
Cada vez que eu quiser,
Algo que eu não possa ter.

E toda vez que a lua aparecer,
As estrelas, o céu estiver azul...
Eu pensar em alguém, sonhar com alguém
Ter alguém, querer ter, jogar fora...

Toda vez que aquela música tocar,
Toda vez que alguém chamar
E sem querer ter, vou lembrar você...

E pintado de verde foram todos,
Amores passados são tolos,
Nunca amei antes e nem amarei depois,
Não vou querer, nem vou tentar,
Vou me calar e feliz por assim ser!

Chega de Saudade


Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim


(Vinícius de Moraes)

As Profecias


Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho em silêncio calado
Com uma pergunta na alma
Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?

Está em qualquer profecia
Dos sábios que viram o futuro,
Dos loucos que escrevem no muro.
Das teias do sonho remoto
Estouro, explosão, maremoto.
A chama da guerra acesa,
A fome sentada na mesa.
O copo com álcool no bar,
O anjo surgindo no mar.
Os selos de fogo, o eclipse,
Os símbolos do apocalipse.
Os séculos de Nostradamus,
A fuga geral dos ciganos.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia.

Um gosto azedo na boca,
A moça que sonha, a louca.
O homem que quer mas se esquece,
O mundo dá ou do desce.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia.
Sem fogo, sem sangue, sem ás
O mundo dos nossos ancestrais.
Acaba sem guerra mortais
Sem glorias de Mártir ferido
Sem um estrondo, mas com um gemido.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Um dia...

(Raul Seixas)