O tempo é Deus.
O tempo é tudo,
o relógio
bate
em
meu rosto
cada
segundo.
Dói
levemente
como
um pássaro
que levanta
voo
quando
você
vai
tocá-lo.
Ou
como
uma lágrima
que
você
segura
tanto
e
um dia
cai
em
um
pôr-do-sol
chuvoso/
ou
um cisco
no
olho.
Não se pode
ver
já se foi
ou
nunca
existiu.
Mas
bem no fundo
da alma
você sabe
está lá
esperando
seu
próximo
passo
ao
silêncio
eterno.
Um grande
abraço
do tempo
ao
nada.
Isso
é
a
vida.
A estrela
vista
por entre
os
pinheiros.
Folhas
de
pontas
pinhas
e
por
detrás
da
janela
do
meu
quarto.
Atrás
dos meus
olhos
de
vidro
a
estrela
se
move.
Reflexo
alucinação
a
estrela
está
caindo?
Caindo
eu
que
estou
(...)
Brilha
intensamente
e
minha
mente
acorda.
Céu escuro
é
apenas
um
avião.
Me deito
desiludido
no
chão.
Avistei ao longe
um sonho
que era
meu
seu
ou
nosso.
Desse sonho
saiu
uma ilusão
que afundou
minha verdade
vaidade
e a
saudade.
Essa saudade
era do que
não foi
que poderia,
mas estou
preso
a realidade.
A realidade é
maldade
com o mundo,
abusando
sufoca
amarra
devora.
Devora meu amor
coração
o chão
da
paixão
sobra
a
"paz".
A "paz"
é o fim
de tudo
do
sonho
ilusão
saudade
(...)
realidade
o amor
a verdade
o nada
a paixão.
Enfim,
a paz
é
pra
quem
não
desfruta
do
desejo
de
ser
alguma
coisa.
Sou preguiçoso
escolho
um livro
pelo seu
tamanho.
Todos que
não são
acho-os
estranhos
medonhos
impróprios.
Na vida
preguiça
me leva
de qualquer maneira,
uma delícia...
Degusto
do nada
o além
de tudo
que
a vivacidade
não
dá.
Sou artista
com preguiça
quase
não faço
nada.
Não produzo
só recuso
recusando
o que
o dia-a-dia
me atenta
(...)
Arte e preguiça
não tenho
por muito,
tanto
que
esse
poema
nem
fim
eu
fiz.
Uma dona de casa
lendo um poema
sem entendê-lo
sentindo
o que não
é.
Como se entendesse
por errado
constrói do romance
uma ode
ao que não
era.
Juntava cacos
e ribeiras
besteiras do cotidiano
fazia como seu
o que não
foi.
Mais do que isso
se transforma
no poema
e
o lema
que bate no peito
um problema:
o que será do almoço?
Acordo antes
de acordar
por ansiedade,
sabem?????
Sono cansado.
Refutado
a dormir
para trabalhar.
Morto,
silenciosamente
entrando
na engrenagem
do dia-a-dia
sorrindo
falso
falando
nada
e
como
um gesto
de inveja
o telefone
interrompe
a poesia
matando
minha
alegria.
Chego a uma
sinceridade
esplêndida
e nervosa!
Minha alma
reflete
ais
de todo
o sofrimento
ecoado
no
passado.
Estou nervoso
perigoso
e auspicioso,
como
um caçador
com
a arma
armada
que
não
sabe
o que
caçar.
Todos dizem:
a culpa é deles!
eles quem?
quem são eles?
Esses pobres oportunos
fingem fingidores
que não sabem,
mas eu
sei.
Somos todos
nós.
A culpa é deles
eles são
o mal!
A burguesia!
Me desculpem,
mas falar
em burguesia
é tardio
como o pôr do sol
entre muro
de Berlim.
E dizer "mal"
nesse sentido
é elogio.
Os culpados!
Aqueles lá, sabem?!
Esses meninos
que todos apontam
xingam
cospem
e
reclamam,
culpados
da vida
e
da morte
nada
mais
são
que:
espelhos óbvios.
O que é alguém
tentando
entender
o que
a alma
sente?
É um vento
fraco
um pássaro
sem asas
uma chuva
sem água
um nada
com nada.
Escute
com atenção
se alguém
tentar
confortar
sua dor
com palavras,
se importe...
mas não se iluda.
Poemas são assim.
Eles vem dançando
ruflando, cantando
perfeitos em sua
singularidade...
e se vão
sem saber.
Eu os perco
os detesto,
mostram e falam
à toa
tudo
tudo
sobre
mim
e o
mundo.
Poemas,
besteiras.
Agora a escrever
já não sei fazê-los
ou dizê-los
saem tortos
sem afinação
sem inspiração
sem
nada.
Não quero mais!
Não consigo parar
de escrever...
tá horrível!!!
Feito, sem jeito
(...)
fuçando a sopa
de letras
na lixeira
da alma.